Santo Antônio - 13 de junho
Entre os santos que mais são comemorados durante as
festas juninas, Santo Antônio é com certeza o que mais possui devotos
espalhados pelo Brasil e também por Portugal.
Esse santo, que normalmente é representado carregando o
menino Jesus em seus braços, ficou realmente conhecido como "casamenteiro"e
é sempre o mais invocado para auxiliar moças solteiras a encontrarem seus
noivos.
Em vários lugares do Brasil, há moças que chegam a realizar verdadeiras
maldades com a imagem de Santo Antônio a fim de agilizarem seus pedidos.
Não são raras as jovens que colocam a imagem do santo de
cabeça para baixo e dizem que só o colocam novamente na posição correta se
lhes arrumar um namorado. Também separam-no do menino Jesus e prometem
devolvê-lo depois de alcançarem o pedido. Na madrugada do dia 13 são
realizadas diversas simpatias com este intuito. Mas não é só o título de
casamenteiro que Santo Antônio carrega. Ele também é conhecido por ajudar as
pessoas a encontrarem objetos perdidos.
Padre Vieira, um jesuíta, definiu assim Santo Antônio em um sermão que
realizou no Maranhão em 1663:
"Se vos adoece o filho, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo
Antônio; se perdeis a menor miudez de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez,
se quereis os bens alheios, Santo Antônio", disse Padre Vieira.
Na tradição brasileira, o devoto de Santo Antônio gosta de ter sua imagem
pequena para poder carregá-la. Por esse e tantos outros motivos que ele é
considerado o "santo do milagres".
Ainda com a tradição que são realizadas duas espécies de reza e festa em
homenagem a Santo Antônio. A primeira delas, chamada "os responsos, é
realizada quando o santo é invocado para achar coisas perdidas e a segunda,
designada "trezena", é a cerimônia dedicada ao santo do dia 1 ao dia 13 de
junho, com cânticos, fogos, comes e bebes e uma fogueira com o formato de um
quadrado.
Ainda há um outro costume que é muito praticado pela Igreja e pelos fiéis.
Todo o dia 13 de junho, as igrejas distribuem aos pobres e afortunados os
famosos pãezinhos de Santo Antônio. A tradição diz que o pãezinhos deve ser
guardado dentro de uma lata de mantimento, para a garantia de que não
faltará comida durante todo o ano.
São João - 24 de junho
Outro santo muito comemorado no mês de junho é São João.
Esse santo é o responsável pelo título de "santo festeiro", por isso, no dia
24 de junho, dia do seu nascimento, as festas são recheadas de muita dança,
em especial o forró.
No Nordeste do País, existem muitas festas em homenagem a
São João, que também é conhecido como protetor dos casados e enfermos,
principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta.
Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como
a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.
Existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são
"para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia,
pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua
homenagem, não resistiria e desceria à terra.
As fogueiras dedicadas a esse santo têm forma de uma pirâmide com a base
arredondada.
O levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia
24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa,
carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem
dos três santos, São João, Santo Antônio e São Pedro; ou em forma de caixa,
com apenas a figura de São João do carneirinho. A bandeira é colocada no
topo do mastro.
O responsável pelo mastro, que é chamado de "capitão" deve, juntamente com o
"alferes da bandeira", responsável pela mesma, sair da véspera do dia em
direção ao local onde será levantado o mastro.
Contra a tradição que a bandeira deve ser colocada por uma criança que
lembre as feições do santo.
O levantamento é acompanhado pelos devotos e por um padre que realiza as
orações e benze o mastro.
Uma outra tradição muito comum é a lavagem do santo, que é feita por seu
padrinho, pessoa que está pagando por alguma graça alcançada.
A lavagem geralmente é feita à meia-noite da véspera do dia 24 em um rio,
riacho, lagoa ou córrego. O padrinho recebe da madrinha a imagem do santo e
lava-o com uma cuia, caneca ou concha. Depois da lavagem , o padrinho
entrega a imagem à madrinha que a seca com uma toalha de linho.
Durante a lavagem é comum lavar os pés, rosto e mãos dos santos com o
intuito de proteção, porém, diz a tradição que se alguma pessoa olhar a
imagem de São João refletida na água iluminada pelas velas da procissão, não
estará vivo para a procissão do ano seguinte.
São Pedro - 29 de junho
O guardião das portas do céu é também
considerado o protetor das viúvas e dos pescadores. São Pedro foi um dos
doze apóstolos e o dia 29 de junho foi dedicado a ele. Como
o
dia 29 também marca o encerramento das comemorações juninas, é nesse dia que
há o roubo do mastro de São João, que só será devolvido no final de semana
mais próximo. Mas como as comemorações juninas perduram alguns dias, as
pessoas dizem que no dia de São Pedro já estão muito cansadas e não têm
resistência para grandes folias, sendo os fogos e o pau-de-sebo as
principais atrações da festa. A fogueira de São Pedro tem forma triangular.
Como São Pedro é cultuado como protetor das viúvas,
são elas que organizam a festa desse dia, juntamente com os pescadores, que
também fazem a sua homenagem a São Pedro realizando procissões marítimas.
No dia 29 de junho todo homem que tiver Pedro ligado ao seu nome desse
acender fogueiras nas portas de suas casas e, se alguém amarrar uma fita em
uma pessoa de nome Pedro, este se vê na obrigação de dar um presente ou
pagar uma bebida à pessoa que o amarrou.
O pesquisador Mário de Andrade a define como
"dança de salão, aos pares, de origem francesa, e que no Brasil passou a ser
dançada também ao ar livre, nas festas do mês de junho, em louvor a São
João, Santo Antônio e São Pedro. Os participantes obedecem às marcas ditadas
por um organizador de dança. O acompanhante tradicional das quadrilhas é a
sanfona" .
A DANÇA DA QUADRILHA: A quadrilha é dançada em
homenagem aos santos juninos ( Santo Antônio, São João e São Pedro ) e para
agradecer as boas colheitas na roça. Tal festejo é importante pois o homem
do campo é muito religioso, devoto e respeitoso a Deus. Dançar, comemorar e
agradecer.Em quase todo o Brasil, a quadrilha é dançada por um número par de
casais e a quantidade de participantes da dança é determinada pelo tamanho
do espaço que se tem para dançar. A quadrilha é comandada por um marcador,
que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas. Existem
diversas marcações para uma quadrilha e, a cada ano, vão surgindo novos
comandos, baseados nos acontecimentos nacionais e na criatividade dos grupos
e marcadores.
Os comandos mais utilizados são:
BALANCÊ (balancer) - Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo,
sem sair do lugar.
É usado como um grito de incentivo e é repetido quase todas as vezes que
termina um passo. Quando um comando é dado só para os cavalheiros, as damas
permanecem no BALANCÊ. E vice-versa,
ANAVAN (en avant) - Avante, caminhar balançando os braços.
RETURNÊ (returner) - Voltar aos seus lugares.
TUR (tour) - Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a cintura
da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo
para a direita.
Para acontecer a Dança é preciso seguir os seguintes Passos:
01. Forma-se uma fileira de damas e outra de cavalheiros. Uma, diante da
outra, separadas por uma distância de 2,5m. Cada cavalheiro fica exatamente
em frente à sua dama. Começa a música. BALANCÊ é o primeiro comando.
02. CUMPRIMENTO ÀS DAMAS OU "CAVALHEIROS CUMPRIMENTAR DAMAS"
Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as damas e cada um
cumprimenta a sua parceira, com mesura, quase se ajoelhando em frente a ela.
03. CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS OU "DAMAS CUMPRIMENTAR CAVALHEIROS"
As damas, balançando o corpo, caminham até aos cavalheiros e cada uma
cumprimenta o seu parceiro, com mesura, levantando levemente a barra da
saia.
04. DAMAS E CAVALHEIROS TROCAR DE LADO
Os cavalheiros dirigem-se para o centro. As damas fazem o mesmo.
Com os braços levantados, giram pela direita e dirigem-se ao lado oposto. Os
cavalheiros vão para o lugar antes ocupado pelas damas. E vice-versa,
05. PRIMEIRAS MARCAS AO CENTRO
Antes do início da quadrilha, os pares são marcados pelo no. 1 ou 2. Ao
comando "Primeiras marcas ao centro , apenas os
pares de vão ao centro, cumprimentam-se, voltam, os outros fazem o "passo no
lugar . Estando no centro, ao ouvir o marcador
pedir balanceio ou giro, executar com o par da fileira oposta. Ouvindo "aos
seus lugares , os pares de no. 1 voltam à posição anterior. Ao comando de
"Segundas marcas ao centro , os pares de no. 2 fazem o mesmo.
06. GRANDE PASSEIO
As filas giram pela direita, se emendam em um grande círculo. Cada
cavalheiro dá a mão direita à sua parceira. Os casais passeiam em um grande
círculo, balançando os braços soltos para baixo, no ritmo da música.
07. TROCAR DE DAMA
Cavalheiros à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que
cada cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua
parceira.
08. TROCAR DE CAVALHEIRO
O mesmo procedimento. Cada dama vai passar portadas os cavalheiros até ficar
ao lado do seu parceiro.
09. O TÚNEL
Os casais, de mãos dados, vão andando em fila. Pára o casal da frente,
levanta os braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal
passa por baixo e levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos
dois e faz o mesmo. O procedimento se repete até que todos tenham passado
pela ponte.
10. ANAVAN TUR
A doma e o cavalheiro dançam como no TUR. Após uma volta, a dama passa a
dançar com o cavalheiro da frente. O comando é repetido até que cada dama
tenha dançado com todos os cavalheiros e alcançado o seu parceiro.
11. CAMINHO DA ROÇA
Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à frente do seu parceiro.
Seguem na caminhada, braços livres,balançando. Fazem o BALANCË, andando
sempre para a direita.
12. OLHA A COBRA
Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita, voltam-se e
caminham em sentido contrário, evitando o perigo.
Vários comandos são usados para este passo: "Olha a chuva , "Olha a inflação
, Olha o assalto , "Olha o (cita-se o nome de um político impopular na
região). A fileira deve ir deslizando como uma cobra pelo chão.
13. É MENTIRA
Damas e cavalheiros voltam a caminhar para a direita. Já passou o perigo.
Era alarme falso.
14. CARACOL
Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o comando, o
primeiro da fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.
15. DESVIAR
É o palavra-chave para que o guia procure executar o caracol, ao contrário,
até todos estarem em linha reta.
16. A GRANDE RODA
A fila é único agora, saindo do caracol. Forma-se uma roda que se movimenta,
sempre de mãos dados, à direita e à esquerdo como for pedido. Neste passo,
temos evoluções. Ouvindo "Duas rodas, damas para o centro ; as mulheres vão
ao centro, dão as mãos.
Na marcação "Duas rodas, cavalheiros para dentro , acontece o inverso, As
rodas obedecem ao comando,movimentando para a direita ou para esquerda. Se o
pedido for "Damas à esquerda e "Cavalheiros à direita ou vice-versa, uma
roda se desloca em sentido contrário à outra, seguindo o comando.
17. COROAR DAMAS
Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as damos ao centro. Os
cavalheiros, de mãos dados, erguem os braços sobre as cabeças das damas.
Abaixam os braços, então, de mãos dados, enlaçando as damas pela cintura.
Nesta posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.
18. COROAR CAVALHEIROS
Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar, soltam as mãos. Passam a
manter os braços balançando, junto ao corpo. São as damas agora, que erguem
os braços, de mãos dados, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam os braços,
com as mãos dados, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Se deslocam para o
lado que o marcador pedir.
19. DUAS RODAS
As damas levantam os braços, abaixando em seguida. Continuam de mãos dados,
sem enlaçar os cavalheiros, mantendo a roda. A roda dos cavalheiros é também
mantida. São novamente duas rodas, movimentando, os duos, no mesmo sentido
ou não, segundo o comando. Até a contra-ordem!
20. REFORMAR A GRANDE RODA
Os cavalheiros caminham de costas, se colocando entre os damas. Todos se dão
as mãos. A roda gira para a direita ou para a esquerda, segundo o comando.
21. DESPEDIDA
De um ponto escolhido da roda os pares se formam novamente, Em fila, saem no
GALOPE, acenando para o público. A quadrilha está terminada. Nas Festas
Juninas Mineiras, após o encerramento da quadrilha, os músicos continuam
tocando e o espaço é liberado para os casais que queiram dançar.